sábado, dezembro 29, 2007

caos

Assisto do lado de lá da morte
à emergência do caos, desprendendo-se
de todos os seus sistemas metafísicos.
Vejo as pedras da Terra
transformadas em milénio de destroços.
Condeno o pó que se levanta,
poluindo a vernácula Luz, que brilha ainda
no escuro perpétuo.
E os homens que
caem,
perdidos, sem rosto,
sem nome.

Recordo memórias a preto e branco,
inexactas, imprecisas,
amorfas.
Sem âncora, saltito entre existências
numa espiral químerica,
volúvel.

Sou agora a existência fátua do amanhã.

terça-feira, dezembro 25, 2007

oh oh oh

Feliz Natal!!

sábado, dezembro 15, 2007

celebrando a arquitectura (Óscar Niemeyer)

Não é o angulo reto que me atrai.
Nem a linha reta, dura, inflexível,
criada pelo homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual.
A curva que encontro nas montanhas
do meu país,
no curso sinuoso dos seus rios,
nas ondas do mar
nas nuvens do céu,
no corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o Universo.
O Universo curvo de Einstein.


"O mundo é difícil. A pobreza existe, o desespero existe. Meus irmãos brasileiros estão lutando pelas estradas, para fazer a reforma agrária. As crianças estão na rua. Isso tudo tem que mudar. Isso tudo é mais importante que a Arquitectura."
Óscar Niemeyer, em reportagem no Jornal da Tarde da RTP de hoje

Julgo que esta frase resume com exactidão o porquê deste post, no dia em que Óscar Niemeyer comemora o seu centésimo aniversário. Detentor de uma obra única, caracterizada pelo traço poético, velocidade das linhas e leveza das formas, Óscar Niemeyer é também um militante de causas humanistas. Um activista social. Parabéns!!


Legenda: Cima - Pormenor do interior da Catedral de Brasília. Meio - Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Baixo - Igreja da Pampuha.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

As saudades que eu tenho deste Herman

O Tal Canal foi recentemente eleito o melhor programa de sempre da televisão portuguesa, numa iniciativa conjunta do DN, PFtv, Time Out e Sapo.
Mais que um mero ranking, pretendeu-se com a eleição dos 50 Melhores Programas de Televisão Portuguesa de Sempre criar "um fórum público onde se pudesse discutir a qualidade da produção televisiva nacional" e "repensar o papel e o lugar da televisão na vida pública portuguesa".
Talvez O Tal Canal não fosse a minha primeira escolha, mas fiquei bastante satisfeito com esta votação, visto que no Top 10 surgem também alguns dos meus programas favoritos. Comparando:
Top 10 da iniciativa:
1- O Tal Canal, 2 - Gato Fedorento, 3 - Herman Enciclopédia, 4 - Rua Sésamo, 5 - Duarte e Companhia, 6 - Contra-Informação, 7 - Noite da Má Língua, 8 - A Liga dos Últimos, 9 - Grande Reportagem, 10 - Portugal, Um Retrato Social.
Os meus 10:
1 - Rua Sésamo, 2 - Herman Enciclopédia, 3 - Hermanias, 4 - Gato Fedorento, Séries Fonseca, Meireles e Lopes da Silva, 5 - Conversas Vadias, de Agostinho da Silva, 6 - O Tal Canal, 7 - Programas do Prof. José Hermano Saraiva, 8 - Palavras Ditas, de Mário Viegas, 9 - Conversa da Treta, 10 - Duarte e Companhia.

Porquê a Rua Sésamo em 1º lugar? Bem, não só porque a Rua Sésamo moldou a minha infância e influenciou aquilo que sou hoje (relembro que já falei da Rua Sésamo aqui), mas também porque a Rua Sésamo foi e é o programa infantil por excelência, didáctico, engraçado e isento de violência. Oh, saudosas manhãs do tempo em que era petiz.

E que saudades também do Herman acutilante, genial e inovador desse tempo. O Herman que nos trouxe o humor inteligente. O Herman que durante anos foi revolucionário. Infelizmente, com a idade e fama veio o snobismo e cinismo e a genialidade perdeu-se. Para relembrar os bons velhos tempos e porque é Natal:


segunda-feira, dezembro 10, 2007

Cimeira UE/África (editado)

HÁ QUANTO TEMPO LISBOA NÃO VIA TANTOS DITADORES E VIOLADORES DOS DIREITOS HUMANOS?!

Tal foi o "bazar" deste fim de semana que o mais provável é Lisboa nunca ter visto semelhante aglomerado de sanguinários, despotas e corruptos. Diria mesmo que a cimeira do Parque das Nações mais parecia uma reunião de super-vilões de Comics (i.e. Banda Desenhada).

De positivo ficam as brilhantes intervenções Oumar Konaré, ex-Presidente do Mali e actual Presidente da Comissão da União Africana, não só por ter sido capaz de apontar directamente o dedo aos que suportam e promovem conflitos como no Darfur, Somália, Congo e Chade, mas também por ter sido capaz de romper o status quo que usa como justificação para todos os problemas de África o seu passado colonial, propondo assim uma nova forma de fazer política por parte dos líderes africanos.

Destacando:
"É tempo de África enterrar o seu passado colonial. Tem vindo, nos últimos anos, a garantir um crescimento assinalável, mas que é ainda muito frágil."

"É preciso um espírito que se baseie em princípios reconhecidos por todos, europeus e africanos, no respeito mútuo, na aceitação das nossas diferenças, partilha de certo número de regras democráticas."

"A partilha dos valores de paz, boa governação e da segurança, do respeito pelos Direitos Humanos. Mas é também preciso um espírito de humildade, solidariedade e confiança para se chegar a acordos justos. Caso contrário, será posta em causa o desenvolvimento."

"Podemos e devemos voltar as páginas mas não devemos destruí-las. Ninguém poderá resolver os problemas por nós. Temos de participar no jogo, de ser parceiros, mas com regras novas e claras, que vamos construir em conjunto."

África não precisa de caridade nem de paternalismos. Os males do nosso Continente são conhecidos e não são uma fatalidade. Ninguém os resolverá de forma digna e durável por nós.

Não obstante, espero que esta cimeira acabe por se traduzir numa mudança real na qualidade de vida dos povos africanos. Assim o espero, mesmo sabendo que habitualmente estas cimeiras não passam de declarações de boas intenções, que geralmente se ficam pelo papel e apertos de mão.

domingo, dezembro 02, 2007

Olhó Prémio Nobel da Paz fresquinho... Compre aqui o seu prémio Nobel da Paz

Honestamente, penso que a atribuição do prémio Nobel da Paz a Al Gore pelo seu trabalho na luta contra as alterações climatéricas não passa de uma grande fantochada no sentido de publicitar a Fundação Nobel e os seus respectivos prémios. Não pretendo com isto criticar a campanha desenvolvida até agora por Al Gore. Muito pelo contrário, a minha questão prende-se com o efectivo cariz meritório do condecorado.
A verdade é que durante anos imensa gente fez e tem feito muito mais em prol do proteccionismo ambiental e no combate às alterações climáticas.
Porque não foram essas pessoas reconhecidas?
Porque não foram outros com trabalho desenvolvido em outras áreas como a luta contra a guerra, discriminação, pobreza, etc reconhecidos?
Quanto poderia, de facto, ter Al Gore feito enquanto vice-presidente dos EUA e não fez? Será que a sua campanha é fruto de um genuíno amor à camisola, ou existirão interesses subjacentes? Quanto cobra Al Gore por cada uma das suas conferências e qual a aplicação desse dinheiro? Todas estas perguntas são legítimas, pelo menos quando isso implica a justiça com que um prémio como o Prémio Nobel da Paz é atribuído.
Se ele o rejeitasse... Isso sim, seria um legitimar das suas intenções (pelo menos aos meus olhos!).
(Recordo a minha crítica ao documentário
An Inconvenient Truth aqui)


Também não posso deixar de opinar que são "reconhecimentos" como este que depois permitem que Presidentes discutíveis como Ramos Horta considerem Durão Barroso um potencial merecedor de um Prémio Nobel da Paz. É que não haja qualquer dúvida que abrindo o Dicionário na palavra Paz Durão Barroso surge como um sinónimo. Senão vejamos:

sábado, dezembro 01, 2007

Restaurando a Independência, restaurando liberdades

Porque lutar pela nossa independência territorial, política, económica, judicial, cultural e social é cada vez mais urgente, aqui fica a minha singela homenagem aos revoltosos de 1 de Dezembro de 1640.
Pela Liberdade!!

Coroação de D. João IV,
Veloso Salgado (1908),
Óleo sobre tela, 325x285 cm,
Espólio do Museu Militar