- Agora, pela mão de Maurice Sendak.
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Por Unknown às 2:12 da tarde 2 comentários
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I had a dream, which was not all a dream.
The bright sun was extinguish'd, and the stars
Did wander darkling in the eternal space,
Rayless, and pathless, and the icy earth
Swung blind and blackening in the moonless air;
Morn came and went - and came, and brought no day,
And men forgot their passions in the dread
Of this their desolation; and all hearts
Were chill'd into a selfish prayer for light:
And they did live by watchfires - and the thrones,
The palaces of crowned kings - the huts,
The habitations of all things which dwell,
Were burnt for beacons; cities were consumed,
And men were gathered round their blazing homes
To look once more into each other's face;
Happy were those who dwelt within the eye
Of the volcanos, and their mountain-torch:
A fearful hope was all the world contain'd;
Forests were set on fire - but hour by hour
They fell and faded - and the crackling trunks
Extinguish'd with a crash--and all was black.
The brows of men by the despairing light
Wore an unearthly aspect, as by fits
The flashes fell upon them; some lay down
And hid their eyes and wept; and some did rest
Their chins upon their clenched hands, and smiled;
And others hurried to and fro, and fed
Their funeral piles with fuel, and looked up
With mad disquietude on the dull sky,
The pall of a past world; and then again
With curses cast them down upon the dust,
And gnash'd their teeth and howl'd: the wild birds shriek'd,
And, terrified, did flutter on the ground,
And flap their useless wings; the wildest brutes
Came tame and tremulous; and vipers crawl'd
And twined themselves among the multitude,
Hissing, but stingless - they were slain for food.
And War, which for a moment was no more,
Did glut himself again; - a meal was bought
With blood, and each sate sullenly apart
Gorging himself in gloom: no love was left;
All earth was but one thought - and that was death,
Immediate and inglorious; and the pang
Of famine fed upon all entrails - men
Died, and their bones were tombless as their flesh;
The meagre by the meagre were devoured,
Even dogs assail'd their masters, all save one,
And he was faithful to a corse, and kept
The birds and beasts and famish'd men at bay,
Till hunger clung them, or the dropping dead
Lured their lank jaws; himself sought out no food,
But with a piteous and perpetual moan,
And a quick desolate cry, licking the hand
Which answered not with a caress - he died.
The crowd was famish'd by degrees; but two
Of an enormous city did survive,
And they were enemies: they met beside
The dying embers of an altar-place
Where had been heap'd a mass of holy things
For an unholy usage; they raked up,
And shivering scraped with their cold skeleton hands
The feeble ashes, and their feeble breath
Blew for a little life, and made a flame
Which was a mockery; then they lifted up
Their eyes as it grew lighter, and beheld
Each other's aspects--saw, and shriek'd, and died -
Even of their mutual hideousness they died,
Unknowing who he was upon whose brow
Famine had written Fiend. The world was void,
The populous and the powerful--was a lump,
Seasonless, herbless, treeless, manless, lifeless -
A lump of death - a chaos of hard clay.
The rivers, lakes, and ocean all stood still,
And nothing stirred within their silent depths;
Ships sailorless lay rotting on the sea,
And their masts fell down piecemeal: as they dropp'd
They slept on the abyss without a surge--
The waves were dead; the tides were in their grave,
The moon their mistress had expir'd before;
The winds were withered in the stagnant air,
And the clouds perish'd; Darkness had no need
Of aid from them - She was the Universe.
Por Unknown às 11:05 da tarde 1 comentários
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Por Unknown às 4:20 da tarde 6 comentários
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Por Unknown às 5:17 da tarde 0 comentários
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Por Unknown às 8:24 da tarde 2 comentários
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Por Unknown às 8:38 da tarde 0 comentários
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Árvore, cujo pomo, belo e brando,
natureza de leite e sangue pinta,
onde a pureza, de vergonha tinta,
está virgíneas faces imitando;
nunca da ira e do vento, que arrancando
os troncos vão, o teu injúria sinta;
nem por malícia de ar te seja extinta
a cor, que está teu fruto debuxando.
Que pois me emprestas doce e idóneo abrigo
a meu contentamento, e favoreces
com teu suave cheiro minha glória,
se não te celebrar como mereces,
cantando-te, sequer farei contigo
doce, nos casos tristes, a memória.
Por Unknown às 3:09 da tarde 1 comentários
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Cada árvore é um ser para ser em nós
Para
a árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada
À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fim
a árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa respiração
com a da árvore
com a árvore nós partilhamos o mundo com os deuses
Por Unknown às 2:42 da tarde 0 comentários
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Golpes
De machado na madeira,
E os ecos!
Ecos que partem
A galope.
A seiva
Jorra como pranto, como
Água lutando
Para repor seu espelho
Sobre a rocha
Que cai e rola,
Crânio branco
Comido pelas ervas.
Anos depois, na estrada,
Encontro
Essas palavras secas e sem rédeas,
Bater de cascos incansável.
Enquanto do fundo do poço, estrelas fixas
Decidem uma vida.
Por Unknown às 2:34 da tarde 0 comentários
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"Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!"
Infelizmente, o Povo não faz parte da lista elaborada pela RTP... Mas como não faz parte dos meus planos abster-me, após matura reflexão acabei por chegar à conclusão que Camões é a escolha certa.
Porquê Camões?!
Camões porque é para mim aquele que melhor encarna o espírito de ser português. Foi aventureiro e saudosista; patriota e corajoso; boémio e poeta. E foi precisamente na poesia que alcançou a sua maior realização: Os Lusíadas. Os Lusíadas que são uma das maiores obras literárias de sempre. Os Lusíadas da Epopeia Portuguesa; um canto ao orgulho de ser Português e ao espírito patriótico. Porque foi com Os Lusíadas que renasceu o sentimento lusitano (bem anterior a D. Afonso Henriques!). Mas sobretudo, porque Camões é o pai da literatura portuguesa. Foi nele que ela nasceu. Foi ele o primeiro a exaltar a Língua Portuguesa.
E porque "a minha pátria é a língua portuguesa" o meu voto só poderá ir para Luís Vaz de Camões, o maior dos portugueses.
Por Unknown às 6:49 da tarde 5 comentários
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Por Unknown às 2:08 da tarde 0 comentários
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Nascido em Charleville em Outubro de 1854, Arthur Rimbaud foi um poeta meteórico, surgido num rasgo de revelação prematura e eclipsando-se tão vertiginosamente como houvera surgido. De facto, o seu espírito criativo é de tal maneira efémero que o essencial da sua obra se compreende apenas entre os 15 e os 19 anos, tendo mesmo acabado por abandonar a escrita aos 21 anos, mas não sem antes mudar o rosto da poesia.
Rimbaud teve poucos amigos. Vítima da tirania materna, Arthur desde cedo se revelou um mutista tímido que vivia a diferença: a diferença de uma homossexualidade latente; a diferença de uma arte em busca da sensação primitiva, da aventura existencialista. Uma realidade única.
Quando era pouco mais que um miúdo percorria as ruas de Charleville, acompanhado pelos três irmãos, Fréderic, Vitalie e Isabelle, escrevendo a giz nas paredes e nos bancos de jardim: “Merde à Dieu”. Aluno brilhante, Arthur ganhou o primeiro prémio no Concurso Académico do Colégio de Charleville, em grande parte devido ao apoio e encorajamento do seu professor Georges Izambard, e mais tarde também ele, como que em gesto de retribuição, acabou por homenagear a pequena cidade, ao fazer dela lenda.
Arthur foi um visionário, o poeta que ousou ver mais além, o poeta que ousou penetrar no roseiral dos filósofos, onde tempo e espaço são apenas um. Ele não foi apenas uma sombra inconstante que se limitou a pavonear-se durante a sua hora em cena. – Não: Rimbaud foi muito mais e várias foram as gerações que nele descobriram o fogo acutilante da palavra. Considerado um dos precursores do futurismo, consegue beber-se no automatismo da sua escrita sem controlo a magia de um amanhã que certamente irá nascer – por exemplo quando ele escreve: “A ciência: a nova nobreza! O progresso. O mundo avança! Porque não haveria ele de girar?”.
A escrita de Rimbaud é quase uma síntese autobiográfica: a sua poesia não é reflexo do artista, mas memórias de uma vida incandescente que via nas palavras a própria salvação – ele é antes de mais poeta de si mesmo. Lábil, desconexo; boémio, herege; muitas vezes rutilante, outras clarividente; dotado de uma loucura poética espasmódica que tantas vezes contribuiu para a sua tortura, mas também para o seu triunfo. Os seus poemas são uma epopeia de expressão e sentimento, iluminações que exploram os limites da linguagem, um evidente anseio de absoluto. E talvez seja esse o seu maior legado: a abertura de novos horizontes.
E da escassa obra destacam-se aquelas que pela sua nitidez quase cristalina sejam talvez o melhor exemplo do espírito indomável de Arthur: Iluminations e Une Saison En Enfer. Uma Temporada No Inferno nasceu durante o período de convalescença febril de Rimbaud (aos 19 anos!), consequência do fatídico fim da sua relação amorosa com Verlaine, encerrada com a prisão deste após ter disparado duas vezes sobre o amante. Este é o texto de um sobrevivente que se vê envolvido numa tempestade em que ressaltam sentimentos como a inocência e a culpabilidade, o relato demente e revelador de uma alma perdida. O inferno! O Livro Negro! Prenhe de sensações e visões fragmentárias, são as contradições e o experimentalismo gritante que mais sobressaem neste livro, sofisma ensaístico do veneno interior. Iluminações é um conjunto de poemas em prosa, resplandecentes e erráticos, gravuras simbólicas de um espírito aventureirista, visões coloridas de um amanhã. Inaudita, com tudo em si, esta é uma obra povoada de êxtases e fanfarras, de suavidade e harmonia. O verdadeiro alvorecer de um rapaz raro, o despertar de um inventor perturbante – “Beijei a madrugada. Era Verão.”.
A partir de 1973, Rimbaud dedica a sua vida ao esgotamento do corpo, a fuga a uma realidade que não a sua. Abandona a escrita e parte em busca de conforto para o espírito atormentado; mas nunca o encontrará. Viaja por Chipre, Arábia e Abissínia, envolve-se no comércio do ouro, café, marfim, armas e, segundo alguns, escravos, mas tudo isso não passam de desajeitadas tentativas para enriquecer. E da aventura africana só regressará para morrer. Capitula a 10 de Novembro de 1891 no Hôpital de
Por Unknown às 12:22 da manhã 0 comentários
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Por Unknown às 1:45 da tarde 0 comentários
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Por Unknown às 6:57 da tarde 0 comentários
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Por Unknown às 12:15 da tarde 1 comentários
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Sou o único homem a bordo do meu barco.
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.
Gosto de uivar no vento com os mastros
E de me abrir na brisa com as velas,
E há momentos que são quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.
A minha pátria é onde o vento passa,
A minha amada é onde os roseirais dão flor,
O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.
Por Unknown às 6:34 da tarde 0 comentários
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Por Unknown às 5:21 da tarde 5 comentários
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William Faulkner, discurso do prémio Nobel da literatura de 1949
Por Unknown às 4:43 da tarde 2 comentários
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Por Unknown às 10:13 da tarde 4 comentários
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«Outrora, se bem me recordo, a minha vida era um festim em que se abriam todos os corações, em que todos os vinhos fluíam.
Uma noite sentei a Beleza nos meus joelhos. – E achei-a amarga. – E injuriei-a.
Armei-me contra a justiça.
Fugi. Ó feiticeiras, ó miséria, ó ódio, a vós foi confiado o meu tesouro!
Consegui fazer dissipar-se no meu espírito qualquer esperança humana. Para estrangular toda a alegria, saltei sobre ela como uma fera.
Chamei os carrascos para lhes morder a coronha das espingardas enquanto morria. Invoquei os flagelos para me asfixiar com areia, o sangue. O infortúnio foi o meu deus. Estirei-me na lama. Sequei-me ao vento do crime. E preguei belas partidas à loucura.
E a primavera trouxe-me o riso medonho do idiota.
Ora, tendo-me encontrado muito recentemente prestes a dar a última fífia, pensei procurar a chave do festim antigo, onde talvez recuperasse o apetite.
A caridade é essa chave. – Esta inspiração prova que sonhei!
“Permanecerás hiena, etc…”, protesta o demónio que me coroara de tão amáveis papoilas. “Ganha a tua morte com todos os teus apetites, e o teu egoísmo e todos os pecados capitais.”
Ah! tomei demasiado daquilo: - Mas, caro Satanás, conjuro-vos, olhai-me menos irritado! e enquanto esperais as cobardiazinhas atrasadas, para vós que no escritor amais a ausência das faculdades descritivas ou instrutivas, arranco estas folhas medonhas do meu caderno maldito.»
*tradução: Maria Gil Moreira. Colecção Mínima – Ulmeiro
Por Unknown às 6:41 da tarde 0 comentários
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