Gostaria de partilhar com todos os meus leitores uma “descoberta” deveras interessante que fiz, recentemente, no arquivo da Casa do Povo (de Casegas). Trata-se do Mensário das Casas do Povo.
E é aqui que pego no estudo de Nuno Domingos sobre as Bibliotecas da Casa do Povo - publicado no livro Estudos de Sociologia da Leitura em Portugal no Século XX (Direcção de Diogo Ramada Curto, numa edição conjunta da FCG e da FCT) – para explicar com maior precisão no que consiste o Mensário da Casa do Povo.
“Publicação especialmente criada para acompanhar a actividade das Casa do Povo, o Mensário das Casas do Povo era um espaço jornalístico difusor da retórica ruralista mais exacerbada. Redigidos numa linguagem culta e pouco acessível a frágeis esquemas interpretativos, os artigos e textos do Mensário pareciam destinados aos elementos que se poderiam tornar os elos de ligação entre o poder central e as localidades, entre a doutrina e as práticas. Um dos princípios fundadores da Junta Central das Casas do Povo, criada em 1945 com o objectivo de reorganizar a intervenção cooperativa, era a indispensabilidade de assegurar a eficácia de uma acção persuasiva através da criação de um mensário que não vise unicamente a generalidade dos sócios efectivos, mas se destine, também, aos dirigentes, que contenha, em cada número, regras práticas de acção, alvitres, sugestões, que seja, ao mesmo tempo, uma publicação bonita, legível e agradável, que convença pela palavra e pela imagem. O Mensário constitui um óptimo observatório de análise para avaliar o modo como o centro político operacionalizou teoricamente as suas intenções de disciplinar a periferia rural.”
Cito Nuno Domingos porque o Mensário das Casas do Povo é exactamente como ele o descreve, uma publicação ao serviço da política cultural do Estado Novo, densa e pouco acessível ao comum Homem do Campo (a quem se destinava!). Não obstante, não deixa de ser extremamente interessante, quer a nível gráfico, como ao nível dos próprios conteúdos, que abordavam temas como a lavoura, maternidade, música, adivinhas ou contos; já para não falar naquelas publicidades preciosas, vulgo reclames, dos anos 50 e 60. Deixo-vos algumas imagens.
“Publicação especialmente criada para acompanhar a actividade das Casa do Povo, o Mensário das Casas do Povo era um espaço jornalístico difusor da retórica ruralista mais exacerbada. Redigidos numa linguagem culta e pouco acessível a frágeis esquemas interpretativos, os artigos e textos do Mensário pareciam destinados aos elementos que se poderiam tornar os elos de ligação entre o poder central e as localidades, entre a doutrina e as práticas. Um dos princípios fundadores da Junta Central das Casas do Povo, criada em 1945 com o objectivo de reorganizar a intervenção cooperativa, era a indispensabilidade de assegurar a eficácia de uma acção persuasiva através da criação de um mensário que não vise unicamente a generalidade dos sócios efectivos, mas se destine, também, aos dirigentes, que contenha, em cada número, regras práticas de acção, alvitres, sugestões, que seja, ao mesmo tempo, uma publicação bonita, legível e agradável, que convença pela palavra e pela imagem. O Mensário constitui um óptimo observatório de análise para avaliar o modo como o centro político operacionalizou teoricamente as suas intenções de disciplinar a periferia rural.”
Cito Nuno Domingos porque o Mensário das Casas do Povo é exactamente como ele o descreve, uma publicação ao serviço da política cultural do Estado Novo, densa e pouco acessível ao comum Homem do Campo (a quem se destinava!). Não obstante, não deixa de ser extremamente interessante, quer a nível gráfico, como ao nível dos próprios conteúdos, que abordavam temas como a lavoura, maternidade, música, adivinhas ou contos; já para não falar naquelas publicidades preciosas, vulgo reclames, dos anos 50 e 60. Deixo-vos algumas imagens.
6 comentários:
A publicidade é realmente deliciosa!!
uau!!! ;)
isto fez-me lembrar os almanaques dos anos 80 que a minha avô tinha lá em casa... :)
as adivinhas, as marés, os ditados sobre o tempo, o mesmo tipo de publicidade. Tenho que ir lá a casa ver se isso ficou por lá..
Gostei especialmente da publicidade da lâmpada... lol
beijoca*
Estou a ver que do que gostaram foi das publicidades. Logo adiciono mais fotos de publicidades ao slide, então.
Sendo assim, como achas que seria o Mensário das Casas do Povo actualmente?
Uma coisa é certa, a publicidade seria algo de MUITO diferente eheheh :p
Não acho. Com a extinção da Junta Central das Casas do Povo em 1984, o Mensário das Casas do Povo, tal como tu aqui o vês, deixou de ser possível. Após 1984, as Casas do Povo passaram a ser autónomas e, consequentemente, deixou de haver intercâmbio e cooperação, inviabilizando, assim, os Mensários.
Caso ainda existissem, penso que as publicidades seriam bem mais enfadonhas e desinteressantes...
Era isto que querias mostrar-me...
Muito interessante, sem dúvida. Vale a arranhadela na testa.
Boa Páscoa
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