sábado, abril 11, 2009

Mensário das Casas do Povo

Gostaria de partilhar com todos os meus leitores uma “descoberta” deveras interessante que fiz, recentemente, no arquivo da Casa do Povo (de Casegas). Trata-se do Mensário das Casas do Povo.
E é aqui que pego no estudo de Nuno Domingos sobre as Bibliotecas da Casa do Povo - publicado no livro Estudos de Sociologia da Leitura em Portugal no Século XX (Direcção de Diogo Ramada Curto, numa edição conjunta da FCG e da FCT) – para explicar com maior precisão no que consiste o Mensário da Casa do Povo.
“Publicação especialmente criada para acompanhar a actividade das Casa do Povo, o Mensário das Casas do Povo era um espaço jornalístico difusor da retórica ruralista mais exacerbada. Redigidos numa linguagem culta e pouco acessível a frágeis esquemas interpretativos, os artigos e textos do Mensário pareciam destinados aos elementos que se poderiam tornar os elos de ligação entre o poder central e as localidades, entre a doutrina e as práticas. Um dos princípios fundadores da Junta Central das Casas do Povo, criada em 1945 com o objectivo de reorganizar a intervenção cooperativa, era a indispensabilidade de assegurar a eficácia de uma acção persuasiva através da criação de um mensário que não vise unicamente a generalidade dos sócios efectivos, mas se destine, também, aos dirigentes, que contenha, em cada número, regras práticas de acção, alvitres, sugestões, que seja, ao mesmo tempo, uma publicação bonita, legível e agradável, que convença pela palavra e pela imagem. O Mensário constitui um óptimo observatório de análise para avaliar o modo como o centro político operacionalizou teoricamente as suas intenções de disciplinar a periferia rural.”

Cito Nuno Domingos porque o Mensário das Casas do Povo é exactamente como ele o descreve, uma publicação ao serviço da política cultural do Estado Novo, densa e pouco acessível ao comum Homem do Campo (a quem se destinava!). Não obstante, não deixa de ser extremamente interessante, quer a nível gráfico, como ao nível dos próprios conteúdos, que abordavam temas como a lavoura, maternidade, música, adivinhas ou contos; já para não falar naquelas publicidades preciosas, vulgo reclames, dos anos 50 e 60. Deixo-vos algumas imagens.

6 comentários:

Afonso disse...

A publicidade é realmente deliciosa!!

inês disse...

uau!!! ;)
isto fez-me lembrar os almanaques dos anos 80 que a minha avô tinha lá em casa... :)
as adivinhas, as marés, os ditados sobre o tempo, o mesmo tipo de publicidade. Tenho que ir lá a casa ver se isso ficou por lá..

Gostei especialmente da publicidade da lâmpada... lol
beijoca*

Unknown disse...

Estou a ver que do que gostaram foi das publicidades. Logo adiciono mais fotos de publicidades ao slide, então.

Afonso disse...

Sendo assim, como achas que seria o Mensário das Casas do Povo actualmente?
Uma coisa é certa, a publicidade seria algo de MUITO diferente eheheh :p

Unknown disse...

Não acho. Com a extinção da Junta Central das Casas do Povo em 1984, o Mensário das Casas do Povo, tal como tu aqui o vês, deixou de ser possível. Após 1984, as Casas do Povo passaram a ser autónomas e, consequentemente, deixou de haver intercâmbio e cooperação, inviabilizando, assim, os Mensários.

Caso ainda existissem, penso que as publicidades seriam bem mais enfadonhas e desinteressantes...

Jovem que aprecia posts sobre Casegas disse...

Era isto que querias mostrar-me...
Muito interessante, sem dúvida. Vale a arranhadela na testa.
Boa Páscoa