terça-feira, novembro 28, 2006

ES português e serviço público de TV

Gostaria de aconselhar todos os que se interessam pelo estado do ES (ensino superior) português e que não tiveram a oportunidade de assistir ao programa Pós e Contras de ontem (27 de Novembro), dedicado ao Ensino Superior, quer por falta de tempo, quer por não estarem a Portugal (como eu!), a verem o mesmo. Para isso, basta visitar o Centro Multimédia do Site da RTP (http://multimedia.rtp.pt/) e ter 3 horitas disponiveis! Parece muito mas vale bem a pena...

Poderia também fazer aqui a minha própria análise exaustiva do tema, mas para quê quando se pode ter acesso directo à própria discussão com quem de direito. Mesmo assim, gostaria de deixar aqui algumas palavras que julgo soarem como um sino em toda a aldeia:

Professor Mariano Gago (Ministro da Ciência e Ensino Superior):
"O próximo ano será um ano de reforma das universidade. Uma reforma ao nível da gestão e da legislação."
"O ES é demasiado importante para pertencer só às instituições de ES. O ES pertence ao país."
"A autonomia universitária é um elemento central das sociedades democraticas."
"É o país que tem que decidir como as universidades gerem a sua autonomia."
"Os jovens investigadores, aqueles que vão ser as próximas gerações das universidades, têm também que acreditar que os júris serão mais isentos no futuro. Que aqueles que são de fora têm lugar dentro. Que os detentores dos lugares não estão predeterminados à partida."
"A reforma das universidades só se faz com as universidades."
"Bolonha será bom ou mau em função daquilo que se fará dentro de cada universidade."

Professor Adriano Moreira (ex-Presidente do Conselho Nacional de Avaliação do ES):
"As despesas em Ensino e Educação são questões de soberania."
"O país não tem conceito de estratégia desde 1974"
"Quando um governo assina declarações é porque não quer assinar tratados, pois quer ganhar flexibilidade, não quer obrigações que ficaram estatuidas"
"O país mudou de paradigma" (mudou do paradigma de um ensino preparado para um pais de 92 mil km2 para o paradigma de um ensino destinado ao espaço entre o Atlântico e os Urais)

Professor António Nóvoa (Reitor da UL):
"Fazer uma redução brutal de 15% sem dar instrumentos de gestão que permitam a eficiência e eficácia necessárias, sem dar nenhuma capacidade de racionalização, é encostar as instituições à parede, torná-las ingovernáveis, asfixia-las".
"Claro que tem que haver uma maior repartição dos custos do ES. (...) As universidade têm que ter receitas próprias. (...) O que está em causa é que isso não se faz cortando de forma cega e sem nenhum instrumento de gestão. (...) Faz-se de forma planificada, com objectivos a curto, médio, longo prazo, criando resultados e analisando os mesmos."
"Não é fragilizando as instituições que se potencia a sua capacidade de inovação".


De notar ainda Fernando Gonçalves (Presidente da AAC) que nos brinda com mais uma das suas pérolas de sabedoria sobre o ensino superior. Julgo que ele ainda se vê no ano 2004, altura em que o não obtuso a Bolonha era o prato do dia. Mais uma vez parece que os estudantes continuam a perder oportunidade preciosas de fazer ouvir a sua voz, com um discurso crível e ponderado. E é assim que está o nosso associativismo: perante uma plateia tão importante perde-se nos usuais devaneios acerca de Bolonha, quando o âmago da discussão ultrapassava a mera análise das directrizes de Bolonha.


Gostaria ainda de deixar aqui uma nota de agradecimento à RTP pelo magnifico serviço publico que presta ao povo português ao disponibilizar este tipo de conteúdos gratuitamente na internet!

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