sexta-feira, junho 16, 2006

By William Faulkner

"Recuso-me a acreditar no fim do homem (…). Torna-se demasiado fácil dizer que o homem é imortal apenas porque resisto; que, quando o som da última badalada da condenação ressoar e se for extinguir contra a derradeira rocha inútil e seca, a flutuar na surpresa tarde rubra e moribunda, então ouvir-se-á ainda outro som além deste: o da voz do homem, débil e inextinguível. Quanto a mim, recuso-me a aceitar isto. Eu acredito que o homem não resistirá apenas, mas que ele pre- valecerá. O homem é imortal, não só por ser a única, entre todas as viaturas a possuir uma voz inextinguível, como também porque possui uma alma, um espírito capaz de compaixão, de sacrifício, de resistência. É dever do poeta e do escritor escrever acerca destas coisas. É privilégio deles ajudar o homem a resistir, animando-o, recordando-lhe a coragem, a honra, a esperança, o orgulho e a compaixão, a piedade e o sacrifício que fizeram a glória do ser passado…"

William Faulkner, discurso do prémio Nobel da literatura de 1949

2 comentários:

Anónimo disse...

sem dúvida um exercício para a mente...
E grande verdade que só o homem é capaz de tanto (e tanto mais...)!
Boa escolha quanto à foto, mas vindo de ti, também não se podia esperar outra coisa...

Unknown disse...

Se por um lado o Homem é capaz de grandes realizações, não é menos verdade que o Homem é especialista em destruir tudo o que o rodeia. Isto é, embora o Homem seja ímpar (no universo conhecido!) nas conquistas que faz, existe inerente à própria humanidade uma factor destruição que inubitavelmente a conduzirá à extinção!

Daí o famoso diálogo entre o Agente Smith e Morpheus, no Matrix, em que o Agente Smith inclui o homem na família dos virus...

Contudo, Faulkner refere-se à imortalidade do Homem tendo por base a sua produção filosófica e literária. E neste caso tenho que concordar plenamente com ele, pois partilho da opinião de que a obra de um escritor/poeta o torna imortal , na medida em que lhe garante o seu lugar na História e na memória de todos nós.

Quanto à imagem pareceu-me ter um certa relação com o post, visto que lhe associo sentimentos como a resistência e a coragem, condições "sine qua non" para o cumprimento do dever do poeta.