segunda-feira, julho 31, 2006
Giesta - movimento de jovens por Casegas
Por Unknown às 12:13 da manhã 1 comentários
segunda-feira, julho 24, 2006
terça-feira, julho 18, 2006
Como definir arte... o que é... o que não é...
Revelar a arte e ocultar o artista é o objectivo da arte.
O crítico é aquele que consegue traduzir de outro modo ou em novo material a sua impressão das coisas belas.
A mais elevada, como a mais medíocre, forma de crítica é uma expressão autobiográfica.
Os que encontram significados disformes em coisas belas são corruptos sem agradarem, o que é um defeito.
Os que encontram belos significados em coisas belas são os cultos. Para esse há esperança.
São os eleitos para quem as coisas belas apenas significam Beleza.
Não existem livros morais ou imorais. Os livros são mal ou bem escritos. É tudo.
A antipatia do século XIX pelo realismo é a raiva de Caliban ao ver a sua cara ao espelho.
A Antipatia do século XIX pelo romantismo é a raiva de Caliban por não ver a sua cara no espelho.
A vida moral do homem é assunto para o artista, mas a moralidade da arte consiste na perfeita utilização de um meio imperfeito. Um artista não quer provar coisa alguma. Até as coisas serem verdadeiras podem ser provadas.
Um artista não tem simpatias éticas. Uma simpatia ética num artista é um maneirismo de estilo imperdoável.
Um artista nunca é mórbido. O artista pode exprimir tudo.
Para o artista, o pensamento e a linguagem são instrumentos de uma arte.
Para o artista, o vício e a virtude são matéria de uma arte.
Do ponto de vista formal, o modelo de todas as artes é a arte do músico. Do ponto de vista sentimental, o trabalho do actor é o modelo.
Toda a arte é simultaneamente superfície e símbolo.
Os que penetram para lá da superfície, fazem-no a suas próprias expensas.
Os que lêem o símbolo fazem-no a suas próprias expensas.
O que a arte espelha realmente é o espectador e não a vida.
A diversidade de opinião sobre uma obra de arte revela que a obra é nova, complexa e vital.
Quando os críticos divergem, o artista está em consonância consigo próprio.
Podemos perdoar um homem que faça uma coisa útil desde que não a admire. A única desculpa para fazer uma coisa inútil é ser objecto de intensa admiração.
Toda a arte é perfeitamente inútil.
Por Unknown às 4:35 da tarde 0 comentários
Marcadores: conversas filosóficas
Parabens Fundação Calouste Gulbenkian!!
Parabéns e muito obrigado Fundação Gulbenkian!!!
Por Unknown às 4:22 da tarde 0 comentários
quinta-feira, julho 06, 2006
Discurso censurado (por uma academia em gangrena)
E foi neste clima de ridícula contestação (que mais parece um deboche!) que uma cambada de artistas se propôs a fazer mais uma manif (Coimbra 2006), visando sobretudo reafirmar o não obtuso a Bolonha, e é claro aproveitar para gritar umas palavritas de ordem contra as propinas. Mas não contentes com a sua brilhante ideia, decidiram também que todos os núcleos de estudantes integrantes da AAC deveriam intervir a meio da manif, dirigndo umas palavrinhas aos colegas, mostrando o seu mal-estar em relação à actual situação do ES. Na altura ri-me porque previ logo o fiasco que se adivinhava e também porque a dita proposta me pareceu uma espécie de chamada de presença...
Foi assim que me vi envolvido num dilema: por um lado era contra o teor da manif e por outro solicitava-se a minha presença devido às responsabilidades inerentes ao meu cargo associativo no NEBIOQ. Após acentuada ponderação decidi aprecer na manif, na altura prevista para a intervenção, tendo para o efeito preparado um breve discurso capaz de resumir sucintamente a minha opinião e a posição do NEBIOQ.
Infelizmente, por razões óbvias (como o leitor poderá constatar!), o referido discurso foi censurado. Conquanto não gostaria de deixar passar a oportunidade de o tornar público, agora que findaram todas as minhas funções no NEBIOQ, daí que o deixe aqui à consideração.
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"Colegas, em nome do Núcleo de Estudantes de Bioquímica da Académica de Coimbra, gostava de deixar aqui um repto contra o não obtuso a Bolonha.
Sinceramente, pergunto-me se esta Academia não é mesmo contra só por ser?
A verdade é que a Declaração de Bolonha comporta aspectos positivos, tais como a uniformização do ensino superior a nível europeu, a mobilidade, a crescente responsabilização dos alunos pela sua aprendizagem, o que aliado ao sistema de avaliação da actividade docente implicará necessariamente um maior empenho dos professores na prossecução da sua actividade pedagógica.
Lisboa, Paris ou Madrid não devem jamais ser a nossa base de discussão. Enquanto Académica de Coimbra devemos antes de mais centrar o nosso olhar na realidade interna, num chavão já conhecido “Olhar a casa”.
Porque vivemos presos a um medo resultante da apreciação exclusiva dos pontos negativos de Bolonha, consequência de uma visão centrada unicamente no sistema de financiamento previsto.
Contudo, em muitos casos, essa é uma visão deturpada. Por exemplo, a FCTUC pretende implementar um sistema de 2º ciclo profissionalizante, o que significa que as propinas deste ciclo seriam de igual nível às dos 1º ciclo.
Neste sentido, podem dizer-me que a última palavra é do Ministério. Mas colegas também não deixa de ser verdade que o próprio Governo se demitiu, a priori, da sua responsabilidade quando passou a batata quente para as instituições, pelo que a razão me dita que até determinado ponto seria altamente contraproducente o Governo negar as recomendações das instituições por si indigitadas.
Certamente haverá reflexos negativos, assim como haverá positivos. Por isso, a exigência que se faz é a de promover uma análise cuidada do balanço entre as duas faces da moeda. Essa é a condição sine qua non; mas infelizmente, muitos são os que exercem a sua crítica com preconceitos pré-formulados, conspurcando, ab initio, todo e qualquer dossier.
O desafio que aqui lanço é mais e melhor informação. É incomportável que se continuem a veicular apenas fragmentos parciais de um todo consideravelmente maior.
Por Unknown às 12:54 da tarde 6 comentários
Marcadores: calma lá que isto sou eu
A dor de uma lágrima
Encontrava-me num daqueles bancos de jardim onde o tempo não passa e a vida se revela frágil como no primeiro momento. Dourada tarde essa em que o Inverno se diluía na opulência hélica e as folhas mortas se viam arrastadas pela brisa que soprava gélida do norte. Tarde de seduções ela era, coroada por um céu azul que não via nuvens à uma temporada, perfumada por um ar, simultaneamente tépido e glacial, que entristecia ainda mais as árvores despidas em toda a sua nudez. E o ardor da verdura vivia esbatido na palidez murcha da paisagem, esperando por dias melhores.
Sentia a melancolia placidamente porfiar em mim e ocasionalmente ouvia o crepitar de passos que se aproximavam, para logo em seguida se afastarem. Desse meu banco, onde me ia afundando, assistia à passagem de figuras espectrais, crivadas de nítidas recordações de uma passado agora distante. Os ramos mais altaneiros teciam áleas abobadadas que lembravam vagamente os templos do homem, feitos na pedra de outrora. O vento arrancava por vezes um rodopio mais sibilante, compondo à sua passagem uma melodia intermitente, prenhe de reviravoltas conquanto rica numa paz celestial. A tudo isto assistia, povoado por sombras bruxuleantes cuja lividez maculada pela solidão se aureolava de sortilégios.
Como está viva em mim a recordação dessa estação exangue, conivências de um momento de fraqueza capaz de aniquilar a derradeira esperança. Sob um céu nacarado crescia um antegosto a aventura, a desconhecido, e ao longe ouvia-se o repicar do último sino. Ao fundo do jardim a água corria fugaz, saltitando de cascata em cascata, assediando as trevas mais temerosas. E na ingenuidade desse mundo procurava reter a vaga memória de um calor nascido nos resquícios do tempo.
Foi então que a vi. O dia começara já a desvanecer-se ao ritmo de um turbilhão quimérico de sentimentos que se sucediam lentamente, sem pressa, a caminho do fim. Naquele momento a vida pareceu-me comprimida, submersa na mais ténue das névoas. Vi as árvores vergarem-se delicadamente à sua passagem, suspensas num silêncio quase sepulcral, em respeito a tão divina presença que subitamente incendiou o jardim com uma alegria estranha a estas passagens. A atmosfera adensou-se e a vida adejou suavemente, inspirada pelo tom doce e humilde que o Amor ali decidira apresentar. E antevi a chegada da Primavera…
Por Unknown às 12:50 da tarde 0 comentários
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A dor de uma lágrima
O Fim da História
No silêncio há uma dor cujo grito pungente apregoa laconicamente o fim da história.
Curioso. De facto, a melhor maneira de começar é pelo fim da história, pois este é um registo sobre o fim do amor e sobre a vida, que mais não é do que uma passiva caminhada rumo à morte.
Eis o medo que todos temem e que enche de pânico o mais profundo dos sonhos: a total perda de significação e com ela a perda da razão de viver. – Abram alas para a morte, apregoa o barqueiro.
Abram alas para a morte.
Da resoluta decisão de nunca mais se apaixonar, o tempo se encarregou de o fazer esquecer. Tem destas coisas a vida: por mais que pugnemos existe sempre uma barreira que ostensivamente se orgulha de nos recordar a nossa impotência perante os mistérios mais intangíveis.
Foi assim que aconteceu. Aquilo que ele julgava definitivamente morto em si renasceu para de novo o dilacerar, quais hárpias prontas a arrebatar mais uma alma. Sozinho assistiu novamente ao despontar do Amor e mais uma vez se viu loucamente possesso. E aquela que parecia ser apenas mais uma estação, cedo se revelou solene assassina à procura da sua última vitima.
Abram alas para a morte.
Por Unknown às 12:45 da tarde 0 comentários
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