O Fim da História
No silêncio há uma dor cujo grito pungente apregoa laconicamente o fim da história.
Curioso. De facto, a melhor maneira de começar é pelo fim da história, pois este é um registo sobre o fim do amor e sobre a vida, que mais não é do que uma passiva caminhada rumo à morte.
Eis o medo que todos temem e que enche de pânico o mais profundo dos sonhos: a total perda de significação e com ela a perda da razão de viver. – Abram alas para a morte, apregoa o barqueiro.
Abram alas para a morte.
Da resoluta decisão de nunca mais se apaixonar, o tempo se encarregou de o fazer esquecer. Tem destas coisas a vida: por mais que pugnemos existe sempre uma barreira que ostensivamente se orgulha de nos recordar a nossa impotência perante os mistérios mais intangíveis.
Foi assim que aconteceu. Aquilo que ele julgava definitivamente morto em si renasceu para de novo o dilacerar, quais hárpias prontas a arrebatar mais uma alma. Sozinho assistiu novamente ao despontar do Amor e mais uma vez se viu loucamente possesso. E aquela que parecia ser apenas mais uma estação, cedo se revelou solene assassina à procura da sua última vitima.
Abram alas para a morte.
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