E foi neste clima de ridícula contestação (que mais parece um deboche!) que uma cambada de artistas se propôs a fazer mais uma manif (Coimbra 2006), visando sobretudo reafirmar o não obtuso a Bolonha, e é claro aproveitar para gritar umas palavritas de ordem contra as propinas. Mas não contentes com a sua brilhante ideia, decidiram também que todos os núcleos de estudantes integrantes da AAC deveriam intervir a meio da manif, dirigndo umas palavrinhas aos colegas, mostrando o seu mal-estar em relação à actual situação do ES. Na altura ri-me porque previ logo o fiasco que se adivinhava e também porque a dita proposta me pareceu uma espécie de chamada de presença...
Foi assim que me vi envolvido num dilema: por um lado era contra o teor da manif e por outro solicitava-se a minha presença devido às responsabilidades inerentes ao meu cargo associativo no NEBIOQ. Após acentuada ponderação decidi aprecer na manif, na altura prevista para a intervenção, tendo para o efeito preparado um breve discurso capaz de resumir sucintamente a minha opinião e a posição do NEBIOQ.
Infelizmente, por razões óbvias (como o leitor poderá constatar!), o referido discurso foi censurado. Conquanto não gostaria de deixar passar a oportunidade de o tornar público, agora que findaram todas as minhas funções no NEBIOQ, daí que o deixe aqui à consideração.
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"Colegas, em nome do Núcleo de Estudantes de Bioquímica da Académica de Coimbra, gostava de deixar aqui um repto contra o não obtuso a Bolonha.
Sinceramente, pergunto-me se esta Academia não é mesmo contra só por ser?
A verdade é que a Declaração de Bolonha comporta aspectos positivos, tais como a uniformização do ensino superior a nível europeu, a mobilidade, a crescente responsabilização dos alunos pela sua aprendizagem, o que aliado ao sistema de avaliação da actividade docente implicará necessariamente um maior empenho dos professores na prossecução da sua actividade pedagógica.
Lisboa, Paris ou Madrid não devem jamais ser a nossa base de discussão. Enquanto Académica de Coimbra devemos antes de mais centrar o nosso olhar na realidade interna, num chavão já conhecido “Olhar a casa”.
Porque vivemos presos a um medo resultante da apreciação exclusiva dos pontos negativos de Bolonha, consequência de uma visão centrada unicamente no sistema de financiamento previsto.
Contudo, em muitos casos, essa é uma visão deturpada. Por exemplo, a FCTUC pretende implementar um sistema de 2º ciclo profissionalizante, o que significa que as propinas deste ciclo seriam de igual nível às dos 1º ciclo.
Neste sentido, podem dizer-me que a última palavra é do Ministério. Mas colegas também não deixa de ser verdade que o próprio Governo se demitiu, a priori, da sua responsabilidade quando passou a batata quente para as instituições, pelo que a razão me dita que até determinado ponto seria altamente contraproducente o Governo negar as recomendações das instituições por si indigitadas.
Certamente haverá reflexos negativos, assim como haverá positivos. Por isso, a exigência que se faz é a de promover uma análise cuidada do balanço entre as duas faces da moeda. Essa é a condição sine qua non; mas infelizmente, muitos são os que exercem a sua crítica com preconceitos pré-formulados, conspurcando, ab initio, todo e qualquer dossier.
O desafio que aqui lanço é mais e melhor informação. É incomportável que se continuem a veicular apenas fragmentos parciais de um todo consideravelmente maior.
6 comentários:
Caro amigo, atendendo ao seu historial político talvez devesse ter mais cuidado ao empregar expressões mais irreflectidas, nomeadamente o substantivo tacho! Comece por dar importância á introspecção e avalie a sua conduta antes de publicar acusações na janela do Mundo!
Caro anónimo,
Antes de mais gostaria de agradecer o seu comentário.
"Caro amigo"??!! Não sei se é meu amigo, visto que não se identifica. Além disso, também não sou muito apologista do anonimato: acho que cada pessoa deve dar sempre a cara pelos seus ideais e opiniões. Contudo, respeito a individualidade e permito que anónimos comentem no meu blog.
Quanto ao seu comentário, é precisamente o meu historial associativo (e não político) que me levou a desenvolver essa opinião. Várias foram as conclusões a que cheguei durante a minha passagem pelo NEBIOQ/AAC, residindo uma das quais precisamente no interesse tachistico inerente à DG/AAC. Caso não saiba, a grande maioria dos ex-presidentes da DG/AAC está directamente associado ao mundo político, associação essa que muitas vezes significou um claro prejuízo para a Académica. Quer um exemplo?: Neste momento o Vítor Hugo é assessor de um ministro e o Miguel Duarte foi mandatário distrital da juventude da candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República.
Avaliar a minha conduta? Sei que fui muito criticado durante o meu desempenho associativo, mas também são muitos os que reconhecem e agradecem o meu trabalho. Tenho a consciência tranquila pois a obra que deixo fala por mim.
Quanto a acusações na janela do mundo, deixe-me dizer-lhe que actualmente já nada me vincula às directrizes da AAC e felizmente vivemos numa sociedade que permite a liberdade de expressão. Além disso, este é o meu blog e eu sou o responsável pela sua linha editorial.
Saudações
Um dirigente de um nucleo de estudantes da associacao academica de coimbra esta vinculado a todas as decisoes aprovadas em assembleia magna. assim como qualquer estudante vinculado a referida associaçao é responsavel pela decisoes tomadas em assembleia, mesmo que nao as frequente.
Quem nao reconhece essa 'obrigaçao' deve no seu descontentamento afastar-se, ou no caso de um membro activo/participativo demitir-se.
Neste caso, é mais um onde "verifica-se uma degradação acentuada da qualidade dos dirigentes estudantis, mais interessados no tacho ou na cassete partidária"
JFK,
Enquanto dirigente de um núcleo nunca deixei de assumir as minhas responsabilidades, nem nunca deixei de manifestar a minha opinião (sempre enquadrada com o plano de acção que submetemos a eleição).
Quanto à vinculação a decisões da assembleia magna deixe-me informar-lhe que essa vinculação não é efectiva caso não exista o quórum mínimo (aconselho-o a consultar os mesmos estatutos que seguem em anexo ao seu nome).
Além disso, acima de qualquer regulamento ou estatutos de uma associação, está a Constituição da República Portuguesa que me permite a liberdade de expressão.
Mas, se esteve contra alguma posição assumida pelo NEBIOQ/AAC durante o mandato em que fui presidente, porque é que não remeteu uma reclamação à Direcção do NEBIOQ/AAC ou ao CF/AAC?
Afastar-me? Demitir-me? Isso seria dar-me por vencido, pelo que nunca o faria. Se era minha responsabilidade acatar decisões de Magna, era também incumbência do cargo que ocupei defender os direitos dos sócios do NEBIOQ/AAC. E isso eu procurei fazer acima de tudo.
Mesmo assim tem todo o direito de me considerar um dirigente "degradado", mas nunca admitirei que me associe ao tacho e à cassete partidária, pois tudo aquilo que consegui durante o meu desempenho associativo foi sempre às minhas custas: não tenho nem pretendo tachos e nunca me orientarei por directrizes partidárias.
ARTIGO 8º
Deveres
São deveres dos sócios efectivos:
a) Respeitar os princípios da AAC e contribuir para os seus fins;
b) Cumprir as disposições estatutárias;
c) Acatar as deliberações dos órgãos estatutariamente competentes.
Desconheço o que procurou defender relativamente aos direitos dos sócios do NEBIOQ/AAC.
Contudo, vem lamentar-se... não se queria dar por vencido e, desta forma, agora procura desmarcar-se dos actos com que "contra a vontade" pactuou («-Há e tal, eu tava lá mas fui obrigado...»)
De que valem as reclamações ao CF/AAC?!
É pena mas é verdade quando diz:
"Infelizmente parece que a AAC parou no tempo, fiel a lutas antigas, presa a ideais gastos. E como se isso não bastasse, todos os anos verifica-se uma degradação acentuada da qualidade dos dirigentes estudantis, mais interessados no tacho ou na cassete partidária."
Nesta «Academia em Gangrena» já não importa o que se diz, não se pensa, basta saber-se se é amigo deste ou daquele. Ouve-se sem escutar e batem-se as palmas ou dá-se uma pancadinha nas costas dos 'camaradas'.
E sem qualquer dúvida deixo por nota final:
"...nunca admitirei que me associe ao tacho e à cassete partidária, pois tudo aquilo que consegui durante o meu desempenho associativo foi sempre às minhas custas..."
Não o censuro como os 'amigos' da AAC, afinal o acontecimento foi seu.
Excelentíssimo John Kennedy,
Ou muito me engano, ou a AAC é ainda uma Academia que pauta acima de tudo pelo pluralismo de ideias, respeitando sempre qualquer condição étnica ou social e a liberdade de qualquer opção política ou religiosa.
Consequentemente, enquanto sócio activo, assiste-me todo o direito de discordar do caminho traçado pela AAC, sempre que achar que essa opção não é a mais correcta. Presumo que, apesar de fragilizada, a Academia seja ainda uma estrutura democrática... E visto que sita novamente os estatutos da AAC deixe-me recordar-lhe que esses mesmos estatutos prevêm que uma decisão de Assembleia Magna só é verdadeiramente vinculativa quando se verifica a existência de quórum.
Já agora deixe-me também acrescentar que quem elegeu a minha equipa foram os alunos do Departamento de Bioquímica, não a DG/AAC nem a Assembleia Magna. E é para com esses sócios que a minha Direcção tem responsabilidades: é a eles que temos que responder pelo nosso trabalho. E se desconhece o papel do NEBIOQ/AAC ao longo do mandato 2005/2006, então aconselho-o a informar-se primeiro antes de criticar. Mandar "larachas" é fácil. Difícil é criticar com seriedade e fundamento.
E não me lamento... Tenho muito orgulho no papel que desempenhei à frente do NEBIOQ/AAC, mesmo quando isso significou remar contra ventos e marés, lutando contra ideias e argumentos pré-estabelecidos numa Academia tantas vezes caduca.
Também não venho, "a posteriori", demarcar-me de qualquer posição que tenha assumido. Cheguei à manif somente na altura prevista para intervenção dos núcleos, com o objectivo bem claro de apresentar o parecer do NEBIOQ/AAC (posição sufragada em eleições). Não discursei por três motivos: respeito às outras estruturas presentes, por achar que aquele não era o local para discutir a temática em causa e por acreditar que a leitura do discurso aqui apresentado iria clivar completamente uma manif que, por si só, já estava perdida!!
Não fui obrigado.... Fui por acreditar que era o melhor para o NEBIOQ/AAC.
De que valem as reclamações ao CF/AAC? Julgo que valem de muito, nem que seja somente pela questão moral!! Só não entendo como alguém que tanto apanagio faz das estruturas da AAC pode fazer semelhante pergunta!!! No mínimo paradoxal, como quase tudo o que aqui tem escrito.
"Amigos"?! Não: amigos!!! Sim tenho amigos na AAC, como em todos os quadrantes políticos e associativos. Parece-me que a grande diferença entre nós é que eu sei distinguir entre amizade e ideologia. Nunca deixarei de defender aquilo em que acredito, nem de criticar quando julgar oportuno. Uma coisa são as minhas crenças, outra é a amizade.
Nunca eu irei deixar de ser amigo de uma pessoa só porque ela não acredita no mesmo que eu... A isso chamo eu pluralismo!!! Claro que a outra pessoa tem todo o direito de se ressentir e chatear; mas isso já não é problema meu e quando isso acontecer eu saberei estar à altura.
Assim como na vida, também a política e o associativismo compreendem o antagonismo. Eu estou de um lado, o Sr. Kennedy está do outro. É isso que torna interessante o debate....
Bem vindo ao Doca do Tempo, um exercício para a mente...
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