Ainda hoje se desconhece quanto tempo passou desde que uns macacoides, levantados nas patas da frente, se assumiram como seres pensantes. Numa coisa, porém, os antropólogos estão de acordo: foram precisos muitos (mas muitos) e penosos milénios. O que representa tantos dias e noites que nos deixa perplexos.
E por mais problemas que o homem tenha encontrado pela frente, a sua cabeça devia estar bem mais arrumada do que está – em rigor, devia ser outra e não a que traz pousada no pescoço. Claro que o progresso é lento e sofre frequentes desvios. Custa, contudo, entender que quase quatro mil anos depois que o babilónico Hamurabi se saiu com o famoso “Código” – marco genial da nossa capacidade intelectual – ainda hoje sejamos capazes de ir, aos magotes, a Fátima, cantar o Avé; ou de votar num desses partidos políticos (tanto faz um como o outro, é igual); ou de suportar a ditadura do televisor sem o rebentar à sarrafada; ou de fazer do Bibi um caso nacional.
Há, aqui pelo meio, grossa sabotagem, isso há – falta saber se por culpa de Deus se do Diabo. Quatro mil anos após o “Código de Susa" e quase três mil sobre Platão, Sócrates e Aristóteles, haver quem tome a sério o Durão Barroso, ou admita que o Santana Lopes alape o cu na cadeira presidencial de Belém é surpreendente! Como, aliás, o é achar graça à Teresa Guilherme, ouvir as imbecilidades dum Big Brother, bater palmas ao Baião, acreditar na Manuela Ferreira Leite ou no Paulo Portas e tomar à letra as charlas de Marcelo Rebelo de Sousa.
Pregaram-nos partida e não pequena, leitor; cortaram-nos as vazas e as asas. Porque, nesses gloriosos tempos do Hamurabi, era lícito julgar-se que o homem cedo se tornaria num arcanjo – senhor de nobres gostos e lúcidos saberes – e não no pobre macaco que hoje é, ou voltou a ser. Macaco a que só falta pôr novamente as mãos no chão, por coerência – o que, na certa, lhe traria vantagens para sobreviver como espécie. Assim, erecto e inepto, não vai longe.
Há, aqui pelo meio, grossa sabotagem, isso há – falta saber se por culpa de Deus se do Diabo. Quatro mil anos após o “Código de Susa" e quase três mil sobre Platão, Sócrates e Aristóteles, haver quem tome a sério o Durão Barroso, ou admita que o Santana Lopes alape o cu na cadeira presidencial de Belém é surpreendente! Como, aliás, o é achar graça à Teresa Guilherme, ouvir as imbecilidades dum Big Brother, bater palmas ao Baião, acreditar na Manuela Ferreira Leite ou no Paulo Portas e tomar à letra as charlas de Marcelo Rebelo de Sousa.
Pregaram-nos partida e não pequena, leitor; cortaram-nos as vazas e as asas. Porque, nesses gloriosos tempos do Hamurabi, era lícito julgar-se que o homem cedo se tornaria num arcanjo – senhor de nobres gostos e lúcidos saberes – e não no pobre macaco que hoje é, ou voltou a ser. Macaco a que só falta pôr novamente as mãos no chão, por coerência – o que, na certa, lhe traria vantagens para sobreviver como espécie. Assim, erecto e inepto, não vai longe.
3 comentários:
Asno infelizmente a vantagem do homem não reside neste momento em voltar a pôr as "patas da frente no chão. A vantagem e também grande desvantagem é o seu intelecto: foi ele que lhe deu as ferramentas necessárias para sobreviver num meio agreste e são elas que lhes permitem hoje em dia destruir o mundo....
Seria de esperar que com o progresso e o passar dos milénios as sociedades se fossem desenvolvendo de modo a traduzir-se numa clara melhoria das condições de vida. Contudo a história é feita de ciclos, alternando entre o iluminismo renascentista e a idade das trevas. Nesse sentido remeto para o que disse no primeiro post deste blog.
Espero que o mundo não degenere completamente... Uma ideia seria, por exemplo, começar por mandar para o caixote do lixo o Senhor José Eduardo Moniz.
É assim
lol, também acho, esse mais todos os outros jornalistas tendenciosos e parciais.
Vai dormir, k o teu mal é sono....Guida e Mariana
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