Constato hoje que os franceses são uns invejosos de primeira apanha. Passo a explicar-me: vendo que nós tínhamos um na Madeira (falado aqui e aqui), quiseram imitar-nos e meteram um parecido no Elysée.
Macacos de imitação pá!
Porra, é que já não se pode ser único em nada!
Macacos de imitação pá!
Porra, é que já não se pode ser único em nada!
Pérolas do discurso de vitória de Sarko:
- "Vou reabilitar o trabalho, a autoridade, a moral, o respeito e o mérito. Vou renovar a honra, a nação e a identidade nacional. Vou fazer com que os franceses se sintam orgulhosos da França."
- "Vou lançar um apelo aos nossos amigos americanos, para lhes dizer que podem contar com a nossa amizade, forjada nas tragédias da história que enfrentamos juntos. Quero dizer-lhes que a França estará sempre a seu lado quando eles tiverem necessidade. Mas quero também dizer-lhes que a amizade é também aceitar que os amigos pensem de forma diferente e que uma grande nação como os EUA não pode ser um obstáculo à luta contra o aquecimento global, devendo, pelo contrário, encabeçar essa luta (...)."
- "Quero lançar um apelo a todos os povos do Mediterrâneo, porque é no Mediterrâneo que tudo irá ser jogado. (...) Penso que chegou o tempo de nos batermos por uma União Mediterrânica, uma união entre a Europa e a África (...)"
Em particular esta última passagem do seu discurso é bastante peculiar, sobretudo depois de no debate de Quarta-feira passada Sarko ter reafirmado o seu não à entrada da Turquia na UE. Ora não sei se é impressão minha mas a Turquia fica no Mediterrâneo, tal como o Egipto, Argélia e mais uma data de países árabes... eh lá, então e não é que a França também tem costa mediterrânica!
Meros pormenores...
Meros pormenores...
E o pior é que houve muito Tuga a votar neste indivíduo.
2 comentários:
Também tinha lido isto ontem no Le Monde e das duas uma, ou ele sofre de um probema de dissociação da personalidade ou então no fundo ele até é um bom rapaz (e o discurso de durão foi só para impressionar...).
Mas para já, como dizem os ingleses, "let's just wait and see". Há uma ou duas coisas do programa dele que não se pode deixar de concordar e, quanto a mim, a história das 35h semanais é uma delas. Essa invenção fabulosa da França que achava que reduzir o número de horas semanais levaria as empresas a contratar mais gente para fazer o mesmo ou mais trabalho (combatendo assim o desemprego) é, sem dúvida, uma ideia peregrina que nunca me passou pela cabeça que funcionasse.
Por agora vamos a ver o que ele vai fazer.Quanto às ideias radicais nacionalistas dele não acho que sejam particularmente perigosas, no contexto da união europeia. Atitudes demasiadamente xenófobas teriam consequências na imagem de França extremamente negativas.
Et vive la France e les Français!!! LOL
Quanto às 35h semanais julgo ser hoje em dia consenso aqui em França que há que adequar as horas de trabalho em função do tipo de trabalho realizado. É que se por um lado 35h parece ser adequado para trabalhadores com profissões de risco ou de "trabalhos pesados", outros há que podem bem trabalhar mais do que isso!
Acontece também que o problema não são as suas ideias nacionalistas. O problema é o ambiente que advém desse tipo de discurso: sentimento de insegurança, xenofobia, racismo e exclusão social. Ele pode não o aplicar, mas o povo já o sente e promove.
Também não me parece assim tão difícil a aplicação real de algumas das suas ideias. A Europa mudou e mudou muito, pois as populações estão hoje mais receptivas a aceitar determinadas medidas e ideias. E isso não é exclusivo à França!
Com ou sem dissociação da personalidade, tendo a concordar com a sua opinião de que o actual modelo de alargamento da UE é insustentável. Simplesmente não podes continuar a crescer e crescer sem a priori constituir uma base segura. A ideia da União Europeia é muito mais que a pressecução de objectivos económicos. Sem um consenso e uma base política forte a UE corre o risco de desmoronar. E não será mais fácil atingir consensos entre poucos e depois sujeitar outros interessados a determinadas regras e objectivos?
Parece-me ainda que a sua ideia de construir uma União Mediterrânica pretende ser sobretudo uma forma de afirmação da França, face à sua actual perda de influência, tanto no palco mundial como no seio da própria UE. De facto, uma França estrategicamente posicionada no Mediterrâneo só tem a ganhar...
O problema está na distância que separa as palavras da acção. E não haja dúvida que neste caso a distância é gigantesca, dadas as enormes diferenças culturais, políticas e sociais entre os países do norte do mediterrâneo e os do sul.
Que te parece?
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