quinta-feira, novembro 30, 2006

Fa(s)t Food Nation

Fast food nation…

Bem, para quem considerava este o filme mais polémico após Fahrenheit 9/11, das duas uma: ou não percebe nada de cinema, ou não conhece nada de polémicas.

Primeiro porque Fahrenheit 9/11 é um documentário (uma pérola de Michael Moore!) depois porque de polémico apenas o tema do filme, já que o filme em si acaba por se perder no decurso da narrativa.

E infelizmente a minha decepção acaba por ser maior pois sendo Richard Linklater um dos meus realizadores preferidos, este seu filme ficou muito aquém das minhas expectativas.

Mas vamos por partes. Estava à espera de encontrar em Fast Food Nation um filme capaz de abordar grandes questões como as estratégias de marketing agressivo, a produção de alimentos de qualidade higiénica e alimentar dúbia, ou a posição hegemónica que muitas empresas de Fast Food detêm no mercado global.

Contudo, Richard Linklater opta, como é seu hábito, por se debruçar sobre o estudo dramático das personagens. Mas se até aqui Linklater nos habituou a filmes cheios de personalidade e individualidade, em que a análise do ser de cada personagem se assumia como factor crucial, contribuindo assim para uma unicidade quase surreal do filme, em Fast Food Nation torna-se banal. E julgo que essa banalidade se fica a dever a dois factores: o primeiro é o próprio tema do filme, que a meu ver exigia um outro tipo de tratamento; o segundo é o excesso de personagens em cena, fazendo com que qualquer estudo das personagens acabe por ser obrigatoriamente superficial.

Para a dispersão do filme/temática contribui ainda o papel preponderante atribuido aos emigrantes ilegais (da america latina) que trabalham na industria de transformação de carne para as companhias de fast food, fazendo com que o filme acabe por se centrar mais na problemática da imigração ilegal do que em fast food. A meu ver a imigração ilegal não é uma consequência da industria fast food. Ela existe porque as pessoas procuram melhores condições de vida (muitas vezes iludidas pelo "tal" de sonho americano), e a indústria de fast food é apenas uma entre muitas "soluções" para os emigrantes ilegais. Digo isto, porque vendo o filme acaba por se ficar com a ideia de que a imigração ilegal é mais uma das consequências nefastas da Fast Food Nation.

Talvez dando mais preponderância aos jovens activistas, ou ao gestor da Mickey's (companhia de fast food fictícia) o resultado fosse outro... Assim, o filme acaba por ser apenas mediano. É pena!!

Mas talvez o problema resida na obra de onde o filme foi adaptado... ou então nas minhas próprias expectativas!

terça-feira, novembro 28, 2006

ES português e serviço público de TV

Gostaria de aconselhar todos os que se interessam pelo estado do ES (ensino superior) português e que não tiveram a oportunidade de assistir ao programa Pós e Contras de ontem (27 de Novembro), dedicado ao Ensino Superior, quer por falta de tempo, quer por não estarem a Portugal (como eu!), a verem o mesmo. Para isso, basta visitar o Centro Multimédia do Site da RTP (http://multimedia.rtp.pt/) e ter 3 horitas disponiveis! Parece muito mas vale bem a pena...

Poderia também fazer aqui a minha própria análise exaustiva do tema, mas para quê quando se pode ter acesso directo à própria discussão com quem de direito. Mesmo assim, gostaria de deixar aqui algumas palavras que julgo soarem como um sino em toda a aldeia:

Professor Mariano Gago (Ministro da Ciência e Ensino Superior):
"O próximo ano será um ano de reforma das universidade. Uma reforma ao nível da gestão e da legislação."
"O ES é demasiado importante para pertencer só às instituições de ES. O ES pertence ao país."
"A autonomia universitária é um elemento central das sociedades democraticas."
"É o país que tem que decidir como as universidades gerem a sua autonomia."
"Os jovens investigadores, aqueles que vão ser as próximas gerações das universidades, têm também que acreditar que os júris serão mais isentos no futuro. Que aqueles que são de fora têm lugar dentro. Que os detentores dos lugares não estão predeterminados à partida."
"A reforma das universidades só se faz com as universidades."
"Bolonha será bom ou mau em função daquilo que se fará dentro de cada universidade."

Professor Adriano Moreira (ex-Presidente do Conselho Nacional de Avaliação do ES):
"As despesas em Ensino e Educação são questões de soberania."
"O país não tem conceito de estratégia desde 1974"
"Quando um governo assina declarações é porque não quer assinar tratados, pois quer ganhar flexibilidade, não quer obrigações que ficaram estatuidas"
"O país mudou de paradigma" (mudou do paradigma de um ensino preparado para um pais de 92 mil km2 para o paradigma de um ensino destinado ao espaço entre o Atlântico e os Urais)

Professor António Nóvoa (Reitor da UL):
"Fazer uma redução brutal de 15% sem dar instrumentos de gestão que permitam a eficiência e eficácia necessárias, sem dar nenhuma capacidade de racionalização, é encostar as instituições à parede, torná-las ingovernáveis, asfixia-las".
"Claro que tem que haver uma maior repartição dos custos do ES. (...) As universidade têm que ter receitas próprias. (...) O que está em causa é que isso não se faz cortando de forma cega e sem nenhum instrumento de gestão. (...) Faz-se de forma planificada, com objectivos a curto, médio, longo prazo, criando resultados e analisando os mesmos."
"Não é fragilizando as instituições que se potencia a sua capacidade de inovação".


De notar ainda Fernando Gonçalves (Presidente da AAC) que nos brinda com mais uma das suas pérolas de sabedoria sobre o ensino superior. Julgo que ele ainda se vê no ano 2004, altura em que o não obtuso a Bolonha era o prato do dia. Mais uma vez parece que os estudantes continuam a perder oportunidade preciosas de fazer ouvir a sua voz, com um discurso crível e ponderado. E é assim que está o nosso associativismo: perante uma plateia tão importante perde-se nos usuais devaneios acerca de Bolonha, quando o âmago da discussão ultrapassava a mera análise das directrizes de Bolonha.


Gostaria ainda de deixar aqui uma nota de agradecimento à RTP pelo magnifico serviço publico que presta ao povo português ao disponibilizar este tipo de conteúdos gratuitamente na internet!

quinta-feira, novembro 23, 2006

Casa do Povo de Casegas

Com cara lavada, rejuvenecida e mais ambiciosa, a Casa do Povo de Casegas tem agora uma nova oportunidade de se relançar na sociedade caseguense como um importante polo de dinamismo cultural e desportivo. Julgo mesmo que, apesar das contrariedades, este primeiros tempos têm sido de sucesso e acredito que com ventos mais favoráveis poderemos voltar a sonhar mais alto...

Importa, para isso, que a atitude à "velho do restelo" deixe de ser o status dominante.

Vejam-se, por exemplo, os cartazes das próximas iniciativas da CPC:


E em seguida cartazes de iniciativas já desenvolvidas por esta rapaziada proveniente do movimento Giesta:




E aqui um esboço da proposta de logotipos para o Pelouro da Cultura e para o Núcleo de Caminhadas da CPC:


segunda-feira, novembro 20, 2006

bushismos... ou pérolas de sabedoria

Bush amigo, acho que vou ter saudades destas tuas pérolas...

quarta-feira, novembro 08, 2006

fado português...

Há coisas na vida que se não as vissemos, certamente não acreditariamos que pudessem existir. Foi precisamente com uma situação desse género que me deparei hoje. Passo a explicar: encontrando-me eu num país estrangeiro é mais do que natural que, enquanto cidadão português, sinta necessidade de recorrer aos serviços consulares portugueses ou da respectiva embaixada, caso existam.


Ora, estando eu interessado em informar-me como proceder para poder exercer o meu direito de voto no estrangeiro, lancei uma pequena pesquisa no google procurando sobre um possível site da Embaixada de Portugal em França, país onde reside a maior comunidade portuguesa no estrangeiro. Contudo, nem acreditei no que encontrei quando visitei o dito site: além de corolado por um design horrível, as escassas palavras que podemos encontrar em português são os nomes dos funcionários e um brevíssimo texto sobre a "consciência do dever de informar". Ainda pensei que se calhar estava a visitar o site da Embaixada Francesa em Portugal mas não, era mesmo o da embaixada Portuguesa, pois o da Embaixada Francesa em Lisboa era não só esteticamente agradável mas também bilingue!!

Mas ainda insatisfeito, fiz uma breve visita ao site do Ministério dos Negócios Estrangeiros e descobri que entre tantos países onde Portugal se faz representar, apenas as seguintes embaixadas disponibilizam site: Alemanha, Argentina, Austrália, Brazil, Canada, Espanha, Estados Unidos, Índia, Indonésia, Japão, México, Noruega, Polónia, Nações Unidas, Roménia, Suécia e Timor.

E depois vem o Sr. Socrates falar em Planos Tecnológicos e Simplex... (Se fossem todos para um sítio que eu cá sei!!) Veja lá mas é se arranja uns tachitos a pessoas que percebam minimamente de design. Talvez assim os portugueses tenham acesso a melhores serviços.

Mas isto não fica assim... Vou começar por mandar um mail e se vir que as coisas não mudam outras medidas serão necessárias!