Há coisa de um ano, o jornal O Jogo fez manchete com uma frase de Jesualdo Ferreira: "
os cagões é que voltam as costas". Ontem, no programa Trio de Ataque, Rui Moreira voltou as costas quando confrontado com as escutas do apito dourado. Fica o silogismo e passo à análise.
Não sou contra as escutas, embora me inquiete deveras a forma como o sistema de investigação português usa e abusa delas. Em todo o caso, considero-o um método de investigação tão válido como qualquer outro. Quando o crime não olha a meios, compete à justiça tudo fazer para cumprir a legalidade. Dito isto, não posso deixar de considerar a divulgação de escutas um atentado ao Estado de Direito. Porém, quando o Estado é torto e a justiça não funciona outros valores mais se levantam. Como a verdade. E a verdade é só uma: durante anos a corrupção grassou no futebol português. O sistema pagava fruta e café com leite. Oferecia viagens. Dava jantares. Em troca o sistema era beneficiado. Fortalecia-se.
Não quero com isto dizer que durante todos esses anos a Norte não se jogasse melhor futebol. Não. O que eu quero dizer é que o futebol não foi tudo. E quando deixa de ser uma bola a rolar e 11 contra 11, a verdade encontra-se comprometida. E, citando Eça, "A arte é tudo. Tudo o resto é nada."
Foi a isto que Rui Moreira virou as costas. Foi a isto que Rui Oliveira e Costa encolheu os ombros. Ao primeiro faltou honestidade intelectual. Ao segundo, para não variar, fibra.
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