segunda-feira, maio 14, 2007

O que a caixa mágica se esquece de contar...

"É mais perigoso e dá menos audiências relatar a tragédia cósmica do Darfur do que descrever em directo os pormenores do drama familiar de Lagos."
José Miguel Júdice

Infelizmente, vivemos numa sociedade sensacionalista que preza apenas o imediato, uma sociedade adepta do populismo e em que o consumismo é palavra de ordem.
Contudo, outros números existem; números bem reais; números com face. Mas esses, os que morrem todos os dias, apenas têm direito a 1 mísero minuto de antena. Esses que os famosos desconhecem ou simplesmente preferem ignorar.

Vejamos por exemplo alguns exemplos desses números:
  • Em 2005 desapareceram em Portugal 484 crianças.
  • Mais de 50 milhões de crianças em todo o mundo são indocumentadas, logo sem qualquer direito de cidadania.
  • Estima-se que 171 milhões de crianças são forçadas a trabalhar em condições perigosas.
  • 8,4 milhões de crianças são submetidas às piores formas de trabalho infantil, incluindo prostituição ou como pagamento de dívidas num regime de escravatura.
De quem será a culpa? Nossa enquanto sociedade? Ou dos media que todos os dias tentam manipular aquilo que vemos, ouvimos e lemos?
Ficam as perguntas...

1 comentários:

Graza disse...

Sem dúvida. É verdade. Assim como qualquer guerra, qualquer Ruanda, qualquer Timor. Contudo, do muito mau que este rega bofe comunicacional esteja a ser, e está, como esteve o acidente de Entre-Rios no Rio Paiva que envolveram romarias ao local, há pelo menos uma mais valia que ele pode trazer que é a condenação em directo a que estes crimes estão a ser sujeitos. E é preciso lembrar que há por aí zonas onde a pedofilia é um mal que só se condena ainda, olhando para o lado. Entendo que há seres humanos que pela primeira vez se estão a dar conta que isto é um crime com uma condenação que está em crescendo a nível mundial, logo, este abuso de cobertura não é comparável ao das romarias da Ponte de Entre-Rios.
Não sei porquê mas parece-me ter detectado nas entre linhas do discurso do Ex-Bastionário Júdice naquele programa, uma outra questão que não percebi inteiramente